ATA DA QUADRAGÉSIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA
TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 22-04-1991.
Aos vinte e dois dias do mês de abril do ano de mil
novecentos e noventa e um, reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quadragésima Quarta Sessão
Ordinária da Terceira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às
quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Antonio
Hohlfeldt, Cyro Martini, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Elói Guimarães, Edi
Morelli, Ervino Besson, Gert Schinke, Giovani Gregol, Jaques Machado, João Dib,
João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Letícia Arruda, Lauro Hagemann, Leão
de Medeiros, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan, Nereu D’Ávila,
Omar Ferri, Vicente Dutra, Vieira da Cunha e Wilton Araújo. Constatada a
existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e
solicitou ao Vereador Luiz Machado que procedesse à leitura de trecho da
Bíblia. A seguir, o Senhor Secretário procedeu à leitura das Atas da
Quadragésima Terceira Sessão Ordinária e da Nona Sessão Solene que, juntamente
com as Atas das Quadragésima Primeira e Quadragésima Segunda Sessões
Ordinárias, foram aprovadas. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Clóvis
Brum, 01 Projeto de Lei Complementar do Legislativo de nº 19/91 (Processo nº
1080/91); pelo Vereador Edi Morelli, 02 Projetos de Lei do Legislativo de nºs
44/91 (Processo nº 736/91) e 66/91 (Processo nº 1081/91); pelo Vereador Ervino
Besson, 03 Pedidos de Providências; pelo Vereador João Dib, 01 Pedido de
Informações e 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 65/91 (Processo nº 1064/91);
pelo Vereador Mário Fraga, 07 Pedidos de Providências; pelo Vereador Nelson
Castan, 01 Pedido de Providências; e pelo Vereador Valdir Fraga, 06 Pedidos de
Providências, 01 Projeto de Resolução de nº 01/91 (Processo nº 198/91) e 05
Projetos de Lei do Legislativo de nºs 17, 18, 19, 21 e 22/91 (Processos nºs
405, 406, 407, 409 e 410/91, respectivamente). Em continuidade, o Senhor
Presidente apregoou o deferimento de Requerimento, de autoria do Vereador Luiz
Braz, solicitando que o Projeto de Resolução nº 52/90 (Processo nº 2334/90)
seja desarquivado e tenha retomada ou renovada a tramitação regimental. Em
prosseguimento, foi aprovado Requerimento do Vereador Artur Zanella,
solicitando Licença para Tratamento de Saúde no período de vinte e dois a vinte
e seis do corrente mês. Em continuidade, o Senhor Presidente declarou empossado
na Vereança o Suplente Martim Aranha Filho e, informando que Sua Excelência já
prestou compromisso legal nesta Legislatura, ficando dispensado de fazê-lo,
comunicou-lhe que passaria a integrar a Comissão de Urbanização, Transportes e
Habitação. Ainda, face a Requerimento de Licença do Vereador Dilamar Machado,
aprovado dia dezessete do corrente mês, o Senhor Presidente declarou empossado
na Vereança o Suplente Mário Fraga e, informando que Sua Excelência já prestou
compromisso legal nesta Legislatura, ficando dispensado de fazê-lo,
comunicou-lhe que passaria a integrar a Comissão de Finanças e Orçamento. Do
EXPEDIENTE constaram os Ofícios nºs 200, 201 e 202/91, do Senhor Prefeito
Municipal. Em continuidade, nos termos do artigo 100 da Lei Orgânica Municipal,
o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Engenheiro David Ovadia, da
Associação Brasileira dos Engenheiros Rodoviários do Brasil - Seção do Rio
Grande do Sul que, justificando seu comparecimento à Casa, discursou sobre
itens que compõe o preço das tarifas dos transportes coletivos, apontando
falhas no cálculo das mesmas. Na oportunidade, foi aprovado Requerimento verbal
do Vereador Wilson Santos, solicitando a dilatação do tempo em Tribuna Popular,
e o Senhor Presidente respondeu Questão de Ordem do Vereador Adroaldo Correa,
relativamente ao registro de modificação do dispositivo legal que trata sobre o
tempo de pronunciamento em Tribuna Popular. A seguir, o Senhor Presidente
informou ao Plenário que, face a falha na formulação de Requerimento de autoria
do Vereador Wilson Santos, não compareceria à Casa o Senhor João Acir Verle,
Secretário Municipal da Fazenda, como anteriormente havia sido programado. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Wilson Santos, referindo a participação
política da sociedade organizada, hoje, no espaço da Tribuna Popular, ponderou
sobre suas atividades em relação ao preço das tarifas dos transportes
coletivos. Manifestou-se sobre expediente de autoria de Sua Excelência que, por
orientação do Presidente da Casa em exercício na ocasião da respectiva
formulação, teve prejudicada sua intenção de obter a planilha de custos das
tarifas dos transportes coletivos, e questionou o acesso a dito documento
enquanto Vereador. Após, o Senhor Presidente apregoou o recebimento de
Requerimento do Vereador João Dib, solicitando audiência da Comissão de Justiça
e Redação quanto à veracidade de afirmações contidas em exposição de motivos do
Substitutivo ao Projeto de Lei do Legislativo nº 01/91, de autoria do Vereador
Wilson Santos. Em continuidade, o Senhor Presidente informou que o período de
Grande Expediente da presente Sessão seria destinado a homenagear a passagem do
Dia da Terra, face Requerimento, aprovado pela Casa, de autoria do Vereador Gert
Schinke, e convidou a integrarem a Mesa dos trabalhos os Senhores Volney
Zanardi Junior, representando o Senhor Secretário Municipal do Meio Ambiente, e
Celso Marques, Presidente da AGAPAN. Após, concedeu a palavra aos Vereadores
que falariam em nome da Casa. O Vereador Gert Schinke, em nome das Bancadas do
PT e do PDT, pronunciou-se acerca da questão ambiental no País, especialmente
quanto à falta de investimentos governamentais no controle da poluição e às
políticas de desenvolvimento industrial e de produção de energia hoje vigentes.
Postulou pela dotação de maiores recursos públicos com vistas à dinamização do
trabalho da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Nessa oportunidade, o Senhor
Presidente registrou a presença, no Plenário, do Senhor Paulo Conte, do
Programa Guaíba Vive, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. E o Vereador
João Dib, em nome da Bancada do PDS, declarando-se contrário a comemorações de
dias dedicados à terra, ao ar e ao mar, referiu advertência de técnicos do
Departamento Municipal de Água e Esgoto sobre risco de poluição do Lami pela
implantação de Estação de Captação de Água, e propugnou pelo cuidado
prioritário de problemas locais. Na ocasião, o Senhor Presidente anunciou o
encaminhamento, à Comissão de Justiça e Redação, de consulta sobre o
pronunciamento do Vereador João Dib, de ordem pessoal, em espaço destinado ao
Partido Democrático Social; respondeu Questão de Ordem do Vereador Vieira da
Cunha, sobre convocação do Senhor Diretor Geral do Departamento Municipal de
Água e Esgoto; e acolheu Requerimento verbal do Vereador João Dib, solicitando
que seu discurso no espaço destinado a homenagear o transcurso do Dia da Terra,
hoje, seja tornado sem efeito. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra
aos Senhores Celso Marques e Volney Zanardi Junior, que manifestaram-se sobre o
transcurso, hoje, do Dia da Terra. Às quinze horas e trinta e oito minutos, o
Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e suspendeu os trabalhos, nos
termos do artigo 84, II do Regimento Interno. Às quinze horas e quarenta e sete
minutos, constatada a inexistência de “quorum” para a reabertura dos trabalhos,
o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, informando sobre a
realização, amanhã, de reunião da Mesa Diretora com Lideranças de Bancada, às
onze horas, e convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de
amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores
Antonio Hohlfeldt e Leão de Medeiros e secretariados pelos Vereadores Wilson
Santos e Nereu D’Ávila, este como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Wilson
Santos, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º
Secretário.
O SR. PRESIDENTE (Antonio Hohlfeldt): Estão abertos os
trabalhos da presente Sessão.
A Mesa esclarece que os Requerimentos propostos, de autoria do nobre
Ver. Valdir Fraga, hoje Deputado, deram entrada em 30 de janeiro e só agora são
apregoados porque, só agora, o então Vereador nos devolveu o material
datilografado e por ele assinado. Eis que então se dá o início da tramitação
normal prevista.
Conforme o art. 100 da Lei Orgânica Municipal e Projeto de Resolução
aprovado por esta Casa, temos, agora, o tempo de Tribuna Popular, requerido pela
Associação Brasileira dos Engenheiros Rodoviários do Brasil, Seção do Rio
Grande do Sul. Em Requerimento datado de 16 de abril, indica o Engenheiro David
Ovadia, seu Presidente, para representar a entidade, abordando o tema da
questão tarifária do transporte coletivo em Porto Alegre.
Dr. David Ovadia, nossas boas vindas à Casa e a partir de agora V. Exª
ocupa a tribuna para a sua expressão, durante os dez minutos regimentais, em
TRIBUNA POPULAR
O SR. DAVID OVADIA: Inicialmente, desejo me
apresentar, meu nome é David Ovadia e falo com o respaldo da minha antiga
condição de Fiscal de Transporte quando, juntamente com o Ver. Wilson Arruda e
com o Ver. João Dib, trabalhamos em conjunto. Depois, passamos à condição de
Assessor Técnico da Secretaria Municipal de Transportes. Findo o prazo,
assumimos a Presidência do Conselho Estadual de Trânsito e nesse período também
assumimos a Chefia do Serviço de Trânsito do DNER, no Rio Grande do Sul, e
agora nos encontramos, por dois mandatos, na Presidência da Associação
Brasileira de Engenheiros Rodoviários, Seção do Rio Grande do Sul.
Estou aqui porque não tenho conseguido espaço na imprensa, apesar de os
assuntos que pretendo levantar serem de relevância pública, mas nem assim
conseguimos espaço. Ao que parece, a nossa imprensa não concede esses espaços
para quem pretende divulgar idéias que contrariem seus anunciantes, ainda que
essas idéias, salvo melhor juízo, sejam de alta relevância pública. Por isso
aqui estou, ocupando esta Tribuna Popular, graças à deferência da Presidência
da Casa, para abordar, nos dez minutos que nos foram concedidos, o problema
tarifário de Porto Alegre.
Talvez V. Exas não saibam, mas estamos há algum
tempo tentando entrar nessa discussão e só o conseguimos através da abertura
que nos foi proporcionada pelo Ver. Wilson Santos. Quero frisar que aqui me
encontro sem nenhuma vinculação político-partidária, e as idéias que defendo e
apresento o faço na condição de técnico em transporte, que sou há mais de
trinta anos.
Dentro dessa ordem de idéias, nós, da ABER, vimos notando de uns tempos
para cá que alguns indicadores de transporte mostravam que em Porto Alegre a
tarifa de ônibus estava excedendo os limites normais. Esses indicadores são a
tarifa de passageiro/km do DNER, que para as linhas urbanas é mais ou menos 30%
mais barato do que a tarifa de passageiro/km para fins rodoviários; o custo do
km/veículo, em Curitiba, que deveria ser, aproximadamente, igual ao de Porto
Alegre, está 20% mais barato. Então, esses indicadores nos fizeram entrar mais
a fundo na questão, a fim de que conseguíssemos apurar onde estava essa
diferença.
Após tomarmos conhecimento dos estudos feitos pela Prefeitura, e com o
apoio da assessoria do Ver. Wilson Santos, entramos no âmbito da planilha
tarifária e verificamos que vinha sendo cobrado em Porto Alegre o chamado plus tarifário, que foi criado com o
objetivo de financiar os empresários para a renovação da frota. Verificamos que
esse plus representava uma cobrança
em duplicata, porquanto na tarifa já existe um item chamado depreciação, que
permite ao empresário, no fim da vida útil do ônibus, que é de dez anos, reunir
o capital necessário para comprar um novo ônibus. Não obstante, continuam sendo
cobrados essa depreciação e esse plus
até que a Justiça em boa hora entendeu por duas razões que ele era ilegal e
inconstitucional. A primeira delas usando uma linguagem jurídica por se tratar
de cobrança bis in idem, isto
é, cobrança por duas vezes do mesmo item, e a segunda vez por se tratar de um
imposto vinculado, o que é vedado pela constituição.
Não poderíamos esquecer também que os nossos empresários, como não
poderia deixar de ser, gozam de exclusividade na exploração do transporte, e
esse transporte, como é uma delegação do Poder Público, deve se fazer em regime
de eficiência, isto é, os empresários devem otimizar o funcionamento de suas
frotas de maneira a obter um mínimo de despesa e o máximo de rentabilidade. Mas
o que temos observado é que, não obstante isto, a Prefeitura, em desacordo com
a Lei Municipal nº 5.891, vem concedendo aumentos de tarifas abaixo dos 25% que
a Lei determina como mínimo para que esses aumentos sejam repassados para as
tarifas.
Vejamos agora, rapidamente, onde estão, a nosso ver, as falhas que
resultaram nessa tarifa que nós consideramos abusiva.
Nós temos aqui os principais itens que compõe o custo tarifário. Não vou
me deter nos itens que apresentam pequenas variações, mas, grosso modo, as
deficiências contábeis que justificaram esses aumentos estão principalmente na
adoção de um veículo misto que é referência básica para diversos itens. A
Prefeitura, suprimida a frota, quinhentos ônibus mais ou menos, sob a alegação
que os mesmos já estavam com a sua vida útil vencida, aí, dessa forma, calculou
com a frota remanescente, em torno de mil e quarenta e seis veículos, o novo
preço. A frota que está circulando é de mil, quinhentos e vinte e sete
veículos, mas essa média ponderada, evidentemente, esse artifício aritmético
resultou no preço do ônibus mais elevado, passou de 17 milhões e 190 mil para
18 milhões e 121 mil. Isso, num período em que os preços todos estão
congelados.
Agora vem o principal fator que nos leva, de certa forma, a protestar, é
o item “depreciação da frota”. Nós temos aqui a tarifa de fevereiro de 1991.
Nessa tarifa, no cálculo de depreciação por unidade veicular, foi adotada uma
frota de mil, quatrocentos e sessenta veículos, isso é, se admitiu que os mil,
quatrocentos e sessenta veículos contribuiriam para a formação da depreciação.
No entanto, na composição desse item, se verificou que a Prefeitura, através de
uma ordem de serviço espírita, reduziu esta frota de mil, quinhentos e vinte e
sete para mil e quarenta e seis. Isso significa que em quinhentos ônibus de
Porto Alegre os usuários estão pagando depreciação depois de esses veículos
terem a sua vida vencida. Isso significa, portanto, uma receita extra para os
empresários.
Aqui me permito dizer que nada tenho contra os empresários, apenas
defendo a idéia de que eles devam receber apenas o que é justo e nada mais do
que isso.
A seguir, nós temos a “remuneração da frota”, isso é, o lucro que é
permitido ao empresário ter, com base no capital aplicado. Essa remuneração
seria de 2% ao ano, mas pelo que se observa, mais uma vez a Prefeitura, que em
fevereiro de 1991 usou como frota mil, quatrocentos e sessenta, reduziu
novamente para mil e quarenta e seis, ou seja, passou a cobrar remuneração de
capital dos ônibus cuja vida já estava vencida. Tivemos, portanto, uma
duplicidade de erros graves. Cobrança de depreciação de ônibus que já estavam
amortizados e cobrança de remuneração de ônibus que já tinham esgotado a sua
vida útil.
A seguir, temos uma série de itens em que observamos que os parâmetros
usados para o cálculo para a sua participação na tarifa excedem em muito os índices
recomendados pelas autoridades federais de transporte. Chegamos, finalmente, em
“outras despesas administrativas”. Quando a Lei Municipal nº 5.891 determina
que esse valor não poderia exceder a 2% do preço do veículo, observamos que a
Prefeitura, por um passe de mágica, elevou esse valor para 5,88%.
Temos, também, no item “pessoal de operação e manutenção”, outro fator
de encarecimento. E, como todos os senhores sabem, a Lei Municipal determina
que só possa entrar na tarifa o salário determinado em dissídio coletivo ou lei
específica.
O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, dada a
relevância do assunto que interessa a toda a Casa, eu pediria que a Mesa fosse
mais tolerante e desse mais cinco minutos ao Engenheiro David.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, não está previsto no
Regimento Interno. A Mesa vai se cingir ao Regimento Interno. Eu dou o tempo
para que Dr. Ovadia conclua e, desde logo, abro, evidentemente, a possibilidade
de que o Dr. Ovadia retorne à Casa para ampliar. A não ser que o Plenário
resolva e o Plenário é sempre soberano, não a Mesa.
O SR. WILSON SANTOS
(Requerimento): Sr. Presidente, quero endossar e
ampliar a idéia do Ver. João Dib e requerer para que seja colocado em votação
no Plenário, já que o Plenário é soberano, para uma prorrogação de cinco
minutos no tempo concedido para o Dr. David.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do
Ver. Wilson Santos, para que o tempo da Tribuna Popular, excepcionalmente, seja
ampliado em cinco minutos. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Portanto, mais cinco minutos com o Dr. Ovadia.
O SR. ADROALDO CORRÊA (Questão de
Ordem): Sr. Presidente, só para que
conste, como já consta desde a Mesa, de parte da Liderança, também, do Partido
dos Trabalhadores, nos Anais, de que foi modificado o Regimento Interno quanto
à Tribuna Popular nesta data.
O SR. PRESIDENTE: Registrado, Ver. Adroaldo Corrêa, como a Mesa já o
havia feito. Mais cinco minutos com o Dr. David Ovadia.
O SR. DAVID OVADIA: Agradeço a atenção dos nobres
Pares.
No item “pessoal de operação e manutenção”, contrariando o regime de
eficiência que é obrigação de toda a empresa de transporte concedido adotar,
verificamos, comparando com outras planilhas, que houve um acréscimo do número
de pessoas por veículo, o número de motoristas cresceu 7% por veículo, o mesmo
acontecendo com o número de cobradores. Em relação aos fiscais, houve um
acréscimo de 26%. Em relação ao pessoal de manutenção, 34% de aumento. E para
agravar a situação, um acréscimo das leis sociais de 70 para 74%. Verificamos,
estarrecidos, que a Prefeitura permitiu que fossem incluídos no item “leis
sociais” 3,81% para que os empresários tivessem um fundo para demissões sem
justa causa. Parece uma aberração e um estímulo para que os empresários demitam
funcionários sem força maior.
Concluímos que houve um aumento tarifário em Porto Alegre, no mês de
fevereiro de 1991, quando já havia congelamento. Até aí admitiríamos, porque
poucos dias antes houve um aumento dos combustíveis e salários que deveria ser
repassado para as tarifas. O que não podemos concordar é que no mês de abril,
com preços congelados, com aumentos salariais sendo negados... Na Petrobras
houve uma greve de mais de vinte dias com os trabalhadores pleiteando aumento
salarial, e o Governo negou o aumento sob a alegação que havia uma legislação,
Lei nº 8.178, que não permitia repasse de aumentos salariais para os preços. E
a Prefeitura, usando como justificativa o aumento salarial de 24,59%, repassou
para a tarifa, e a reboque dele levaram outros aumentos, encarecendo a tarifa
em 40%. Um cálculo rápido permite concluir que se fosse apenas repassado o
aumento salarial, teríamos uma tarifa de Cr$ 60,00 e um plus embutido de Cr$ 15,00, o que significa que a Prefeitura está
permitindo um repasse para os empresários na base de um milhão de passageiros
por dia, num total de 15 milhões de cruzeiros. E isto pela razão de que há
necessidade de renovação da frota.
Com relação a isto, queria frisar aos Srs. Vereadores que é obrigação
dos empresários renovarem a frota com o valor da depreciação que já foi pago.
Pagar novamente depreciação significa premiar o infrator. Os nossos empresários
de transporte coletivo estão recebendo uma receita extra por terem sido
inadimplentes, por não terem renovado a frota em tempo hábil. E se hoje temos
uma frota de sete e meio a oito anos é porque as autoridades municipais não
providenciaram, não exigiram em tempo hábil que os empresários, com a receita
da depreciação, fizessem essa renovação.
Por isto, Srs. Vereadores, não querendo me alongar, gostaria que esta
matéria fosse aprofundada, dada a gravidade que ela encerra. Frisamos que não
temos nenhum interesse político-partidário, estamos aqui como técnico em
transportes, dando a nossa contribuição, e não nos conformamos em ver
transferido, a fundo perdido, renda dos trabalhadores para os empresários que
têm obrigação, por estar na permissão, de renovar essa frota a 10% ao ano, já
que a vida útil dos ônibus é de dez anos.
Isso posto, Srs. Vereadores, agradecemos a atenção e, como temos algum
material que explicita com mais detalhes essas considerações que aqui estamos
fazendo, nos colocamos à disposição para novos esclarecimentos e novos debates,
se for o caso. Há necessidade de esta Casa repensar a questão, chamar o Poder
Executivo para dar explicações, porque nós pedimos uma análise serena e
imparcial dos fatos e não podemos nos conformar. Muito obrigado, Sr.
Presidente.
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Vencido o espaço da Tribuna
Popular, queremos agradecer ao Engenheiro David Ovadia.
Solicito à Diretoria Legislativa cópia da Questão
de Ordem levantada pelo Ver. Wilson Santos para ser distribuída a todos os
Vereadores e para que se tenha, a partir de agora, a questão relativa à Tribuna
Popular de conhecimento de todos os Vereadores.
Passaríamos, agora, ao tempo de depoimento do Sr.
Secretário João Acir Verle, que está nesta Casa por Requerimento do Ver. Wilson
Santos para prestar informações sobre a parte financeira, contábil,
orçamentária do Município, conforme o Processo nº 0978/91.
Ocorre que o Ver. Wilson Santos, no seu
Requerimento, mencionou a questão da Mesa Diretora, e a Secretaria da Casa
acabou redigindo mal o Requerimento da convocação, convocando em nome da Mesa e
não do Vereador, que gerou mal-entendido junto ao Secretário Verle, por
absoluta responsabilidade da Direção da Casa, gostaria de sublinhar, e não do
Secretário da Fazenda.
Tenho, inclusive, cópias do material para
conhecimento do Ver. Wilson Santos, com quem me apressei em conversar. De
maneira que nos vimos obrigados a suspender a vinda do Secretário Verle no dia
de hoje, mas S. Sª se dispôs de imediato a marcar uma nova data, e estamos de
comum acordo acertando com o Ver. Wilson Santos. Ainda nesta semana, em
princípio na sexta-feira, vamos confirmar com o Secretário e posteriormente
confirmar ao Plenário. Portanto, fica sem efeito o espaço para depoimento do
Secretário João Verle no dia de hoje.
Com a palavra o Ver. Wilson Santos em tempo de
Liderança.
O SR. WILSON
SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
nós acabamos de ver a participação popular, a participação da sociedade
organizada na representação, aqui, nesta tribuna, da Associação Brasileira dos
Engenheiros Rodoviários. E este Plenário foi testemunha de uma explanação calcada
em dados absolutamente técnicos. Eu pedi a Liderança logo a seguir porque o
trabalho, a minha ação política, a ação parlamentar que desenvolvi como
contraponto à cobrança de excedente de custo na tarifa muitas vezes foi
entendido com um peso político, apenas uma ação política e um peso maior aí. Em
absoluto. As vitórias que obtivemos na Justiça foram porque a nossa ação, além
de ser política - e legitimamente política, porque representamos um segmento
político -, ela foi calcada em sustentação técnica e sustentação jurídica.
De maneira que, quando vem aqui a participação
popular, a democracia participativa na Associação Brasileira dos Engenheiros
Rodoviários, eu devo, por um imperativo de justiça, vir aqui parabenizar essa
participação e pedir uma atenção muito maior. O problema tarifário, no que
concerne ao transporte coletivo de Porto Alegre, é de caráter essencial, é
excepcional, é relevante, é vital. E está totalmente equivocado, está o avesso
do avesso.
Eu tenho pedido repetidas vezes, e agora peço no
retorno do Presidente titular desta Casa, já que tivemos o Ver. Omar Ferri
respondendo na sua ausência, e digo desta tribuna ao Ver. Antonio Hohlfeldt que
vou reiterar no mínimo o respeito a este Legislativo, no mínimo a correção do
ferimento à dignidade deste Parlamento, porque fiz um Requerimento na condição
de 2º Secretário e atendi orientação do Presidente, a quem eu prezo e tenho até
uma disciplina intelectual, que me pediu que substituísse os termos
“Secretário” para “Líder do PL” e encaminhasse um documento à Mesa. Pois o
documento foi à Mesa, que aprovou a solicitação ao Prefeito para que em
quarenta e oito horas entregasse a esta Casa a planilha anterior, que fixou a
tarifa em Cr$ 65,00, para que a nossa assessoria e o meu gabinete pudessem
embasar um trabalho comparativo, assim como fez a Associação Brasileira de
Engenheiros Rodoviários, e simplesmente o Poder Executivo negou esses
documentos à Casa.
Embora tenhamos tido aqui um debate mais acalorado,
onde tive que tomar atitudes firmes, e nessa atitude tenha até ferido algum
colega, eu o fiz na convicção de que não estou pedindo nada excepcional, nada
anormal, nada atípico estou pedindo ao Executivo. E, numa das minhas
participações, fui apoiado pelo Ver. Gert Schinke, que compreendeu que eu apenas
estava pedindo uma planilha de custos de uma tarifa que foi fixada em 04 de
fevereiro. O processo está desarquivado e é só desarquivar e mandar.
Repito a este Parlamento: estou há dezoito dias
pedindo e não me é mandado. O Parlamento desta Capital pediu em quarenta e oito
horas e o Executivo negou. Pergunto: é normal, é justo isso? Esta é a pergunta
que deixo. Se está à disposição de todo povo, como diz o Secretário, acredito
que o Vereador também é povo, acredito que esta Casa é povo, e por que então não
entregar para o povo esta planilha de Cr$ 65,00? Com estas palavras encerro a
minha participação. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos
ao
GRANDE
EXPEDIENTE
Atendendo Requerimento aprovado
pela Casa, de autoria do Ver. Gert Schinke, conforme Processo nº 855, o Grande
Expediente será dedicado a homenagear a passagem do Dia da Terra. Nós
convidamos o companheiro Celso Marques, Presidente da Agapan, para fazer parte
da Mesa e aguardamos, também, a chegada do representante da Secretaria
Municipal do Meio Ambiente, Dr. Volney Zanardi Júnior.
Questão de Ordem com o Ver. João
Dib.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Enquanto não
chega o representante da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, eu pergunto se
eu poderia fazer um Requerimento a V. Exª?
O SR. PRESIDENTE: Apresentar o Requerimento pode,
Vereador.
O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Requeiro a V. Exª,
nos termos regimentais, seja ouvida, com urgência, a Comissão de Justiça e
Redação quanto a ser verdadeira ou não a afirmação de um Vereador contida na
Exposição de Motivos do Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº
001/91, Processo nº 0003/91, que diz que Projeto de minha autoria foi uma cópia
do Substitutivo nº 01, fazendo referência ao Projeto de Lei do Legislativo nº
033/90, Processo nº 1418/90, colocando-me, desde já, à disposição daquela
Comissão para ser ouvido.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa recebe e passa à Comissão
de Justiça sem nenhum problema.
Concedemos a palavra ao Ver. Gert
Schinke, proponente desta Sessão, e abrimos o espaço para inscrições das
Lideranças, se assim o desejarem, para manifestação nesta Sessão. Comunicamos
que não temos nenhuma inscrição até o momento, fica, portanto, em
disponibilidade o tempo das manifestações. Ver. Gert Schinke.
O SR. GERT SCHINKE: Sr. Presidente, companheiros Vereadores, caro companheiro, Presidente da
Agapan, Celso Marques, companheiro Volney Zanardi, que está representando a
nossa Secretaria Municipal do Meio Ambiente, representando nosso Secretário
Caio Lustosa, demais companheiros presentes. Eu falo em nome de algumas
Bancadas, me foi solicitado, a Bancada do PDT, a Bancada do PCB. Quero dizer,
inicialmente, que as manifestações em torno do Dia Mundial da Terra ocorrem
hoje, pode-se dizer, em todo o planeta Terra. Ainda no dia de hoje, a grande
imprensa vem manifestando, através dos programas de noticiários na televisão,
as imagens de várias partes do planeta onde se traduz a comemoração do Dia
Mundial da Terra das mais diferentes maneiras. Para nós, é uma data importantíssima,
porque a máxima do movimento ecológico é pensar globalmente e agir localmente.
Devemos traduzir em nível local em torno das questões ambientais.
O nosso País vive, e não é de
ontem, uma situação extremamente difícil, especialmente no que toca à
problemática ambiental, porque aí envolve dois fatores que eu situo como
principais: primeiro, o da dívida externa, no caso do Brasil, tem uma
importância, joga um fator importantíssimo sobre as questões ambientais,
especificamente no que toca à evasão dos capitais e que significa a falta de
investimentos no combate à poluição, nos equipamentos industriais,
especialmente neste caso que estamos nos referindo, por parte das grandes
empresas para um investimento necessário e obrigatório na maioria dos casos
pela legislação já vigente. Por outro lado, implica também uma incapacidade do
Estado de investir nas políticas ambientais, especialmente no que toca à
fiscalização e à consolidação de um aparato político-administrativo que possa
dar conta nas diferentes políticas públicas na área ambiental. Hoje, esta aí o
Ibama, totalmente sucatado, e toda a infra-estrutura estatal deixando muito a
desejar. Isto se reflete inclusive em nível de Estado.
O segundo aspecto, extremamente
relevante na situação conjuntural por que passa o nosso País, está diretamente
imbricado com a questão da dívida externa, é a total relação de dependência
econômica e tecnológica que nós acentuamos com o modelo de desenvolvimento
tecnológico colocado aqui pelo regime de exceção, pelos regimes ditatoriais,
que acentuaram um modelo de desenvolvimento totalmente incompatível é
desarmonioso com a natureza. Deu-se aí a grande investida sobre a Amazônia,
começaram a se implantar os grandes complexos siderúrgicos, os grandes
complexos geradores de energia, principalmente hidrelétricas, e também o
programa nuclear brasileiro. Também, os grandes complexos petroquímicos, e aqui
no Rio Grande do Sul temos o exemplo do Pólo Petroquímico que agora se pensa em
duplicar.
E nesse sentido temos que frisar
a incongruência tremenda e que às vezes essas ações, essas iniciativas de
caráter econômico, afrontam diretamente as legislações vigentes, como é o caso
do nosso Parque Delta do Jacuí, que há dias atrás estivemos envolvidos e ainda
estamos envolvidos num processo de tentar garantir essa área para a implantação
do Parque Delta do Jacuí. Por outro lado, temos o desenvolvimento cada vez mais
acentuado de um modelo tecnológico que privilegia as tecnologias convencionais
de transporte como os ônibus, os automóveis, que secundarizam as tecnologias
alternativas poupadoras de energia e menos agressoras às pessoas e ao meio
ambiente que já estão em implantação nos países desenvolvidos, notadamente no
Japão, Alemanha e Estados Unidos. E não é por falta de recursos, é que esta
dependência tecnológica nos leva a implantar aqui uma onda tecnológica tardia
que lá já deu o seu efeito e hoje está se revertendo. De maneira que hoje nós
estamos perseguindo tendências que os países desenvolvidos já estão
abandonando.
Mas como é difícil botar isso na
cabeça dos nossos governantes, como é difícil fazer-nos entender que enquanto
numa Alemanha, enquanto num Japão, enquanto nos Estados Unidos, eles, ao invés
de procurar duplicar suas autopistas, estão procurando implantar ciclovias, aqui
se faz exatamente o contrário, o que na década de 1960 e 1970 aqueles países
faziam. Como é difícil botar na cabeça dos nossos governantes essa realidade e
dar um salto de qualidade nessa relação, ou seja, desbloquear, ou seja, furar
essa relação de dependência econômica e tecnológica. Aqui nós poderíamos fazer
isto de maneira inclusive mais fácil do que esses países.
Vejam, por exemplo, o exemplo da
energia, Vereadores, observem esse exemplo, elucida exatamente a ênfase que nós
estamos dando sobre esta questão. Toda a energia gasta pela humanidade, mais de
cinco bilhões de pessoas vivem neste planeta Terra, poderia ser gerada pela
captação da energia solar numa superfície do tamanho do Egito, ou seja, de um
milhão e meio de quilômetros quadrados, ou seja, de uma parte do Brasil onde,
através do sistema de captação fotovoltaico, a gente poderia captar
gratuitamente a energia solar, sem gerar nenhum tipo de poluição, e alimentar a
humanidade. Esse é um cálculo que não estou inventando, o Ver. Lauro Hagemann está abismado. Vejam o que nos custa a dependência ao petróleo, os acidentes constantes
quotidianamente verificados que acontecem no nosso mundo. Ainda há dias atrás,
na Itália, ocorreu um acidente que vai prejudicar toda a indústria de turismo,
e toda a costa do Mediterrâneo é extremamente dependente economicamente de
atividade turística. Milhões de pessoas, por causa desse desastre de petróleo,
vão ficar prejudicadas.
Na verdade, o petróleo é a
matéria-prima que em maior quantidade circula na nossa terra. Isto mostra um
tipo de contradição que temos que superar e enfatizar cada vez mais.
Infelizmente, os grandes desastres ecológicos é que estão ensinando a
humanidade, os técnicos, os cientistas a também avançarem sobre uma
compreensão, sobre as possibilidades de uso de novas tecnologias, menos
agressivas ao homem e ao meio ambiente.
Em nível de Estado, a nossa
preocupação se traduz na Fepam, que para nós ainda é incógnita, que precisa
mais recurso, a exemplo da SMAM. Pensando no Município, isso se traduz no
aceleramento da implantação dos parques municipais, temos vários em
implantação, mas que merecem um cuidado muito mais ágil para sua implantação,
porque são necessários à nossa população, são áreas em Porto Alegre
extremamente carentes em áreas verdes; o programa “Guaíba Vive”, que está
rolando aí, mas que precisa de mais incentivos para que consiga decolar.
Estamos também com o projeto de reciclagem do lixo, que também precisa de
maiores verbas, que precisa de mais incentivos.
Em última análise, as questões
ambientais precisam de mais recursos públicos. Nesse sentido, especialmente aos
meus colegas dirijo essa preocupação, no sentido de que, quando discutirmos,
nos próximo meses, o Orçamento municipal para 1992, darmos um salto de
qualidade de acordo com a importância que assume a questão ambiental para o
nosso Município e tirarmos a pequena verba de 2,5 da SMAM para uma dotação de
pelo menos o dobro disso, para fazer frente aos graves problemas ambientais que
enfrentamos no Município de Porto Alegre, sem o que nós não vamos conseguir
implantar os nossos parques, não vamos conseguir implantar o programa “Guaíba
Vive”, não conseguiremos aparelhar uma secretaria para fazer frente à
fiscalização ambiental nesta Cidade.
Queremos deixar essas
preocupações para os senhores secundarem nas nossas lutas aqui, que,
quotidianamente, eu e o companheiro Gregol, levamos nesta Casa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. VIEIRA DA CUNHA
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, para conhecimento do Vereador que recém
deixa a tribuna, este Vereador já fez um Pedido de Informações sobre a ETA-Lami
e fez um Requerimento, que foi deferido pelo Plenário, e V. Exª, na condição de
Presidente da Casa, já aprazou a vinda do Sr. Diretor-Geral do DMAE para falar exatamente sobre a questão da ETA-Lami no próximo dia 02 de
maio. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Está registrada sua Questão de
Ordem, Ver. Vieira da Cunha. Tendo em vista que o orador deixou claramente
expresso que não falava pela Bancada do PDS, portanto não poderia ter ocupado
esse período, eu solicitarei Parecer da Comissão de Justiça sobre a manutenção
ou não do pronunciamento do Ver. Dib nesse período, não em qualquer outro
período, quando o Vereador é absolutamente dono da sua palavra. Nesse período,
por força do Regimento Interno, a indicação é da Bancada, o espaço é da
Bancada, portanto, pedirei Parecer da Comissão de Justiça sobre o
pronunciamento do Ver. Dib, sem entrar no mérito, no conteúdo do
pronunciamento, que não cabe a esta Presidência fazê-lo.
O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, já que eu disse que discursos não
adiantavam, eu solicito que seja retirado das notas taquigráficas aquilo que
pronunciei da tribuna. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Está registrado, Vereador, mas, de qualquer maneira, eu mantenho a
Questão de Ordem no sentido de examinarmos a precedência em relação a situações
futuras para esta Casa, para que em nenhum momento se quebre o Regimento da
Casa.
Passamos a palavra ao companheiro
Celso Marques, da Agapan.
O SR. CELSO MARQUES: Sr. Presidente da
Câmara de Vereadores; Ver. Omar Ferri, 1º Vice-Presidente deste Legislativo;
demais companheiros presentes, Srs. Vereadores, é motivo de grande honra, de
grande satisfação atender o convite feito por esta Câmara Municipal e poder
dirigir algumas palavras, algumas reflexões sobre a data que hoje transcorre. O
dia 22 de abril foi estabelecido como o Dia da Terra, é um dia particularmente
importante, não para nós, propriamente, ambientalistas, que atuamos diariamente
preocupados com a questão ecológica, mas especialmente para a sociedade que
vive envolvida nas suas atividades quotidianas e que nem sempre tem tempo ou
motivação para pensar um pouco no significado da condição humana no século XX,
na sua própria situação, vivendo neste planeta.
É particularmente importante,
também, por uma coincidência, lembrarmos que hoje é o dia do descobrimento do
Brasil, pois, de acordo com a nossa história, marca a chegada de Pedro Álvares
Cabral ao nosso Continente e o início da colonização portuguesa no nosso País.
Lembro, também, uma frase muito significativa de Oswald de Andrade, grande
escritor brasileiro que está tendo comemorado seu centenário neste ano. Oswald
de Andrade, no Manifesto Antropofágico, uma das principais obras da cultura
brasileira, dizia a respeito deste dia de hoje que “antes de os portugueses
terem descoberto o Brasil, o Brasil já havia descoberto a felicidade”, ou seja,
nós temos no Brasil e tivemos no Brasil numerosas tribos indígenas que se
constituem, sem dúvida, num dos patrimônios culturais mais importantes que
temos a oferecer à humanidade, especialmente quando a questão ambiental, hoje,
coloca em dúvida, coloca em profunda crítica todo o desenvolvimento da
civilização nesses últimos duzentos anos especialmente, mais propriamente sob o
signo do que chamamos civilização industrial.
Hoje, a negação, a afirmação que
partiu da nossa própria cultura, de que o atual modelo de desenvolvimento
industrial é incompatível com a preservação da biodiversidade, é incompatível com
a manutenção da vida no planeta, lança uma luz importante sobre a forma como
outras culturas compreendem a natureza e atuam face à natureza. Ou seja, todas
as culturas chamadas primitivas, hoje, têm um significado exemplar para o
humanismo deste final de século XX. Não que nós tenhamos a possibilidade de
retornar a um estágio pré-civilizado que definitivamente é impossível
retornarmos, mas no sentido de começar, através dessa internalização de uma
compreensão mais profunda da vida em seu conjunto, a desenvolver um conjunto de
valores que nos proteja da ameaça que hoje somos para nós mesmos, ou seja, para
uma reorientação de todo um processo de desenvolvimento civilizatório que não
pode dispensar a tecnologia, evidentemente, mas que exige que a tecnologia seja
reorientada em função de novos valores, em função da necessidade da preservação
da biodiversidade.
Então, hoje, gostaria de trazer a
vocês a importância que se reveste este dia, Dia da Terra, e lembrar, também, a
importância que esta Casa tem para nós, ambientalistas, aqui de Porto Alegre,
no sentido da efetivação do lema do nosso próprio movimento, já foi lembrado
anteriormente pelo Ver. Gert Schinke, que é “Pensar globalmente e agir
localmente”. Aqui dentro desta Casa que em tantas oportunidades tem acolhido as
nossas sugestões e a nossa presença, se efetiva essa dimensão da lei, da lei
municipal, que é um dos aspectos fundamentais para a realização do lema do
movimento ecológico, ou seja, “Pensar globalmente e agir localmente”.
Eu gostaria de agradecer esta
oportunidade e gostaria também de felicitar este Plenário pelas diversas
oportunidades em que se tem manifestado de uma maneira extremamente lúcida,
responsável e avançada, aprovando legislações que são de extrema importância
para o ambiente de Porto Alegre. E eu gostaria, para encerrar, de colocar a
nossa Associação à disposição de todos e enfatizar que nós acompanhamos com o
máximo interesse e apoio as propostas que são encaminhadas pelos nossos
Conselheiros Giovani Gregol e Gert Schinke em termos de legislação ambiental
nesta Casa.
Para finalizar, eu gostaria de
agradecer essa oportunidade e colocar a nossa Associação ao inteiro dispor de
todos. Em todos os projetos de lei que houver interesse que manifestemos a
nossa opinião, nós estamos ao inteiro dispor de todos os Vereadores desta Casa.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos a palavra ao
companheiro Volney Zanardi Júnior, em nome da Secretaria de Meio Ambiente
Municipal.
O SR. VOLNEY ZANARDI JÚNIOR: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, companheiros da Mesa, comparecemos hoje aqui na Câmara de
Vereadores com o intuito, neste Dia da Terra, de trazer uma contribuição no
sentido de registrar a importância do trabalho realizado pela SMAM em nível de
fiscalização, da necessidade e da importância de um sistema em nível de
indústrias e do ambiente natural no Município de forma extremamente eficaz.
Quando nós colocamos o aspecto da
política ambiental no Município, quando se fala na questão de política
ambiental, se toca fundamentalmente na questão de gerencialmente ambiental. No
que consiste esse gerenciamento? Esse gerenciamento justamente vem na direção
de impedir a degradação do ambiente natural, de evitar cada vez mais a
contaminação num ambiente construído. E, dentro dessa idéia, a SMAM tem um
papel muito importante, porque talvez em muitas administrações passadas não
tenham tido a clareza de perceber e até porque essa questão ecológica, questão
ambiental no sentido mais correto até, ela tem-se desenvolvido muito nos
últimos tempos e, até, em nível legal, a partir de 1988, com a Constituição
abriu-se um espaço grande para o Município poder agir.
Dentro da SMAM, fundamentalmente,
durante algum tempo, nas gestões passadas, pautou-se por uma questão de praças
e parques. Nós temos agora tentado desenvolver um trabalho de fiscalização
industrial, fiscalização ambiental. Dois aspectos temos tentado desenvolver,
estudos ambientais básicos, que têm a ver com a questão de levantamento, como
mapas hidrológicos, vegetação, solo. Nós temos uma deficiência muito grande de
informação no Município e cadastramento de fontes de poluição, os mais variados
ramos, ruídos, poluição hídrica, poluição do ar, etc. Esses dados são
fundamentais quando se fala em gerenciamento ambiental, não se pode falar em
gerenciamento sem se ter o mapa da Cidade montado.
Além disso, soma-se à questão que
os levantamentos são fundamentais para evitar até a própria questão da
especulação imobiliária. A gente sofre muito para controlar essa grande explosão
de loteamentos em áreas verdes, em áreas de preservação. Nós temos também a
questão do controle do ambiente, da poluição industrial, aí temos desenvolvido
um projeto pioneiro que é o “Água Viva”, que tem muito a ver com o nosso
Município, está intimamente relacionado com a questão do rio Guaíba, onde nós
temos atualmente sessenta e três fontes poluidoras cadastradas.
Tem-se desenvolvido um controle
sistemático dessas empresas, com vultosos investimentos por parte delas.
Notamos também que dentro da visão holística, como o Vereador colocou, a
questão da interface dos vários órgãos da Administração, tem-se desenvolvido
uma grande relação em órgãos como o DMAE e DMLU. No DMAE, por exemplo, temos
participado, a SMAM e a própria COSMAM, no monitoramento de dioxinas do rio
Guaíba; junto com o DMLU temos desenvolvido todo um trabalho de resíduos
sólidos industriais, onde se tem tentado uma solução efetiva para essa questão
dos resíduos sólidos industriais, porque toda a emissão atmosférica, todo o
tratamento de efluente hídrico se transforma em resíduo sólido industrial.
Então, tu fazes burocraticamente uma empresa implantar um sistema de tratamento
de efluente e, depois, onde ela vai dispor este resíduo industrial? Vai colocar
na Várzea do Gravataí, onde colocavam antes? Não, nós temos que achar uma
solução para a questão dos resíduos sólidos industriais.
Então, dentro deste aspecto de
gerenciamento ambiental, hoje eu trago esta questão à Câmara, justamente pela
própria SMAM ter nascido em 1976, neste ano ela faz quinze anos, e na
necessidade e no esforço que se tem feito dentro desta Administração no intuito
de adequar e de fazer com que o Município faça parte de um sistema de
gerenciamento onde participe o Estado, a Federação, e o Município faça uma
parte muito grande dessa fiscalização. Através de dados, trabalho diário que se
tem desenvolvido dentro da Secretaria, o nosso potencial de trabalho com um
pequeno número de técnicos, com a pequena infra-estrutura de que dispomos
atualmente, conseguimos fazer ações como em nível da poluição hídrica no
Município muito mais efetivas do que o Estado conseguiu até agora.
Então, vemos como um ponto
fundamental para a qualidade de vida do munícipe e para termos condições de
participar de projetos em nível municipal, estadual e federal, ter um corpo
técnico qualificado e uma secretaria com perfil para exercer uma fiscalização
da poluição, de controle ambiental e estudos ambientais básicos.
É esta a informação que queria
trazer, hoje, à Câmara. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais inscritos, damos por encerrado o período de Grande
Expediente requerido a partir do Ver. Gert Schinke e aprovado pelo Plenário.
Suspendemos os trabalhos por dois
minutos para as despedidas dos nossos convidados e tornaremos aos nossos trabalhos
com a Ordem do Dia da tarde de hoje.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h38min.)
O SR. PRESIDENTE (às 15h42min): Solicitamos ao Ver. Nereu D’Ávila que assuma a
Secretaria, como Secretário “ad hoc”, para
proceder à verificação de “quorum”.
O SR. SECRETÁRIO “AD HOC”: (Procede à chamada nominal dos Srs. Vereadores para
verificação de “quorum”.) Há 16 Vereadores em Plenário, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Não há “quorum” para votação.
Lembramos aos Srs. Vereadores
que amanhã, às onze horas, esta Presidência terá reunião com as Lideranças,
atendendo Questão de Ordem do Ver. Nereu D’Ávila, encampada pela Mesa, para
tratar da questão dos projetos de resolução em torno dos títulos honoríficos da
Casa. Às onze horas, na sala da Presidência.
(Levanta-se a Sessão às 15h47min.)
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